A afirmação é do Presidente do Sincomaco (Sindicato do comércio atacadista, distribuição de material de construção, material elétrico, energia elétrica), Claudio Conz, que realiza um trabalho muito forte no setor de varejo de material de construção, há pelo menos quatro décadas.
Em um bate-papo recente e virtual com os associados do Grupo ConstruSete (C7), Conz disse que os lojistas escolheram o melhor segmento para se atuar, um segmento que está ‘condenado’ a crescer. “A pizza que não comi ontem, não como duas hoje, mas a reforma que não fiz ontem, vou ter que fazer”, ilustrou.
Durante a conversa, no dia 19 de maio/23, Conz fez colocações muito reais e otimistas, acenando com uma pequena melhora do mercado a partir do segundo semestre. “Minha experiência mostra que só está confuso no Brasil quem está bem informado. Quanto mais buscar informação, mais confuso vai ficar”, observou. Para ele, o que está acontecendo agora - últimos 8 a 10 meses - com o mercado é um represamento de reformas e de construções, em função de um ano e meio a dois anos excepcionais, que levaram a uma defasagem, entre a renda do consumidor e os preços, na casa de 26%. “Hoje existe um descasamento entre consumo e volume físico. Apesar de muita gente ainda continuar vendendo acima, com 26% de aumento nos preços, o volume físico está com uma redução bastante acentuada, chegando a 18% em média. É um quadro que não dá para fugir”.
Panorama político
Lembrando que o Brasil não é um país presidencialista, mas parlamentarista, Cláudio Conz comentou que o primeiro semestre de um novo governo é sempre confuso, assim como os primeiros dois anos do governo anterior também foram difíceis. Por outro lado, avalia que os dados são muito positivos – “temos um congresso que nunca teve a presença de tantos empresários”, informando sobre a formação da Frente Parlamentar em Defesa do Comércio de Material de Construção, da Câmara dos Deputados. “São 201 deputados federais que se dispõem a nos apoiar”.
Expectativa para segundo semestre
O Presidente do Sincomaco acredita numa recuperação lenta, mas muito interessante no segundo semestre, com possibilidade de terminar 2023 com algo em torno de 1,5% a 2% acima do que foi ano passado. Enfatizou que o setor de material de construção não tem nada a ver com dólar e com a análise de PIB (Produto Interno Bruto), e que o maior problema do setor é o seu concorrente. Só isso! “Você tem 200 milhões de teimosos brasileiros e do outro lado, tem 70 milhões de casas e apartamentos que são seres vivos, que necessitam de manutenção e reformas. Esqueçam as análises macroeconômicas, elas não servem para nós”.
Conselhos práticos
Para Conz, o varejo de material de construção se capacitou muito na pandemia, se capitalizou, melhorou sua eficiência, seu mix, enfim, está muito melhor preparado do que estava dois anos atrás.
Diante desse preparo, ele orientou os associados do C7 a colocarem na pauta três palavras: tendência, pendência e urgência. “O estado de São Paulo está sendo privilegiado. Só nos primeiros quatro meses, já temos R$ 100 bilhões de investimentos que vão acontecer, com geração de milhares de emprego, isso é tendência. Quanto às pendências, olhem para elas, antes que se tornem urgência. Assim, vamos recuperar rapidamente o que conquistamos durante a pandemia”.
Porém, Conz observa que as margens jamais serão iguais às da pandemia. Segundo ele, não tem como escapar da redução de margem e a solução é a introdução de novos serviços. “O consumidor não tem tempo e precisamos saber atende-lo”. E um último ponto abordado foi a questão dos custos – “é como unha, tem que cortar todo dia”.
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